Credores.com explica: Quanto vale o meu crédito?
Antes de falarmos sobre o valor de um crédito, é importante revisarmos antes o conceito deste termo frequentemente usado no nosso dia-a-dia. A origem da palavra remonta ao termo latim credĭtum, que significa “coisa confiada”, ou seja, a noção de crédito está associada a qualquer relação ou transação que assenta na confiança. Na prática, um crédito pode ser representado por uma quantia de dinheiro que se deve a uma entidade ou a uma pessoa. Ela pode ser originada por meio de um empréstimo, um serviço prestado ou produto vendido.
Nas falências este é um termo muito utilizado, pois quando uma empresa quebra, ela normalmente possui uma dívida (representada por um crédito) em favor de seus funcionários, fornecedores e financiadores. Tais valores são apurados ainda no início do processo pelo Administrador Judicial ("AJ") (profissional escolhido pelo juiz para administrar as questões relacionadas a massa falida) e mais tarde são listados em um documento conhecido como Quadro Geral de Credores ("QGC"), que então é publicado e homologado pelo juiz. No QGC é possível observarmos i) o nome de cada credor, ii) o valor do seu respectivo crédito; iii) e também a sua natureza.
Como os créditos não representam um direito à vista mas sim a prazo, uma alternativa que o credor tem de transforma-lo em dinheiro, enquanto aguarda alguma definição sobre o processo, seria vendendo este direito para um terceiro ou investidor (como a Credores.com), que pagaria por ele uma determinada quantia ("Preço"). Este preço leva em consideração um desconto sobre valor total listado no QGC, que é mensurado com base na avaliação dos riscos e do potencial de recebimento de cada crédito a depender de algumas variáveis do processo de falências, entre elas:
i) o valor dos ativos arrecadados na falência
Quando uma empresa quebra, todos os bens e direitos que estavam em seu nome, são listados, avaliados e vendidos. Estes ativos podem ser imóveis, veículos, máquinas, equipamentos, marcas e patentes, que podem ou não ter valor de mercado expressivo, a depender do tamanho, do estado de preservação, da situação jurídica, entre outras condições. Quanto maior o potencial do ativos arrecadados, maiores as chances dos credores receberem os pagamentos à eles devidos e consequentemente menor o risco observado pelo investidor, aumentando assim o valor do crédito;
ii) a expectativa de tempo entre a decretação da falência e o pagamento dos credores
Por envolver interesses de várias partes (credores, falidos, advogados, terceiros), os processos de falência podem se tornar bastante complexos, e levar anos (as vezes décadas) para que sejam concluídos e os credores pagos. Não é raro encontrar situações i) de ativos com valor de mercado, impedidos de serem vendidos por discussões judiciais paralelas a falência, envolvendo estes bens, ii) ou falências com milhares de credores, que demoram para que sejam apurados todos os valores devidos;Portanto, sob a ótica do investidor, falências com maior expectativa de tempo para o pagamento dos credores são mais arriscadas e onerosas, diminuindo a atratividade e consequentemente o valor dos créditos listados.
iii) a ordem de pagamento dos credores relacionados no QGC
Na falência os créditos são divididos no QGC pela sua natureza, isso porque alguns possuem prioridade do pagamento em relação aos outros. De maneira sucinta, os créditos trabalhistas, por exemplo, são mais privilegiados, tendo prioridade no recebimento de valores em função de outros credores como fornecedores e bancos. Isso também impacta na avaliação feita pelo investidor, tendo em vista que existem chances de recuperação diferentes para créditos listados na mesma falência, a depender da sua classificação.